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Uma nova visão de linguística

04/11/2012 22:58

        Assim como a história é marcada por duas grandes divisões, antes e depois de Cristo, a linguística também pode se vista dessa forma, porém o principal responsável é Saussure, que atráves de seus estudos linguísticos proporcionou uma nova visão da linguística, esta não sendo mais analisada apenas diacronicamente, mas também sincronicamente.

        Antes de Saussure, a linguística estudava a língua pela língua, ou seja , a língua no contexto social ficava marginalizada e restrita a comparações, estudos históricos e a normas. Com a publicação do livro “Curso de linguística geral”, organizado por alunos de Saussure, os estudos linguísticos foram direcionados a uma nova forma: a sincronia.

        Para Saussure a língua é cultural e social o que lhe estimulou a pesquisar e estudar a linguítica sincrônica que percebe as interferências sociais ,culturais e influências na língua, ou seja, a língua não está mais em um “sistema fechado” e sim inserida socialmente. Dessa forma, foram surgindo indagações e descobertas nesses novos estudos linguísticos como as dicotomias.

        Em se tratando de dicotomias, Ferdinand de Saussure considerava que os estudos precisavam ser sistematizados e organizados, por isso elas são fenômenos opostos, mas que têm uma interdependência, podendo ser citada a língua que é social e que possue um conjunto de signos linguísticos aceitos naturalmente por um grupo e a fala que são asescolhas lexicais utilizadas por cada individuo de acordo com suas experiências.

Portanto, os estudos de Saussure foram muito importantes para o desenvolvimento dos estudos linguísticos, descrever a linguagem humana em um contexto social e evolucionista e as influências dessa linguagem no homem e no contexto que está inserido.

 

Por Mário Augusto Silva Sousa Júnior

 

Um pouco de Lispector

02/11/2012 20:21

Felicidade clandestina

 

 
        Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme; enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.
        Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade".
        Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.    
        Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
        Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria. Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
        No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
        Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.
        E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.
        Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.
        Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
        E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
        Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
        Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar… Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.

 

 

Gêneros e tipos textuais

02/11/2012 15:23

            Sempre que nos manifestamos linguisticamente produzimos um texto, ou seja, cada produção (oral ou escrita) é um gênero textual. Os gêneros têm como objetivo atingir as intenções comunicativas e funcionais e não formais e estruturais. Comunicativas, pois é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum gênero; e funcional, pois é de suma importância a função que exercem na sociedade, uma vez que estão sempre ligados à nossas situações cotidianas.                                                                                                                                   

            As estruturas encontradas em cada texto são classificadas como tipos textuais. Os tipos textuais estão diretamente ligados aos lados formais e estruturais, pois são limitados e possuem características que nos permitem identificá-los.                                                                                                                         

            Os gêneros são caracterizados como ações sócio-comunicativas e são praticamente ilimitados, pois como dito anteriormente toda produção textual é um gênero. A “incotabilidade” desses textos se dá pelo seu constante surgimento. Originam-se sempre emparelhados com as necessidades e as inovações tecnológicas. Desse modo são textos de qualquer natureza: verbal e não-verbal, literário ou não-literário entre outros.

            Podem ser considerados exemplos de gêneros textuais: anúncios, convites, programas de auditório, bulas, cartazes, musicas, leis, mensagens de texto, instruções de uso, contos de fadas, entrevistas, contratos, redes sociais, comédias, decretos, editoriais, entrevistas. São textos que circulam com uma função especifica para um publico especifico.

 

Por Izadora Campelo

           

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31/10/2012 19:53

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